CIA AVALON

domingo, 21 de março de 2010

Como um vento que passou e arrastou tudo e quebrou o que havia de mais sagrado e sacrossanto.

Como um vento forte varreu as folhas inertes do meu sentimento mofado.

Como um vento forte me arrastou de volta pra terra.


Como um não bendito.

Como uma negativa vã.

Como uma mentira mal contada.


 Como um desejo não realizado.

Como um coito interrompido.

Como um gozo inacabado.


Como um mito desfeito.
Como um herói morto.

Como um déspota deposto.

Como uma magia negra.
Como uma conspiração vadia.

Como uma tatuagem inacabada.
 E foi se...

E foi se embora para sempre.

E foi se o sonho que se tornara pesadelo.


E tinha som.

E tinha o verbo.

E tinha o desejo.


E restou tortura.

E restou lamento.

E restou mágoa.


Se não me queria.

Se não me desejava.

Se não me tocava.


Chamou-me por quê?
Convidou-me pra quê?

Seduziu-me no quê?


Se era mentira.

Se era engodo.

Se era farsa.
 Por quê?

Pra quê?

Com que sentido?


Se gozou.

Se gostou.

Se lambuzou.


Não quer repetir?

Não quer seduzir?

Não quer me pedir?


Foge?

Te oculta?

Esconda-te?


De mim?

Da fêmea?

Ou da verdade?


Se foges, é por que tens medo.

Se correr é por que te assusto.

Se me ignora,te faço mudo.


Destrono-te em segundo.

Destruo-te com meu pensamento.

Entrego-te aos ventos.


Que te levem para longe.

Que te arrastem para o fim.

Que te dêem a morte certa.


Não vale chorar.

Não vale implorar.

Não vale rogar.


Sou um ícone surdo.

Cego.

Mudo.


Hoje foi tua morte.

Velei-te em vida.

Estou de luto.
Por mim

Por minhas crenças

Por minha razão de ser mulher.


Renasci do teu desprezo.

Refiz-me do teu orgulho.

Formei-me do teu ego.


E lambi tua fúria.

E cuspi tua porra.

E bati em tua face.



Tu não és nada.

Nunca foi.

E de hoje em dia nunca será.

Não mais. Pra ninguém. Para todo sempre.



Um comentário:

Daniel Hiver disse...

Olá Priscila. Nossos sentimentos mofados por vezes imploram um pouco de cloro. Nos sentimos vazios, tortos, inacabados; abobalhados. Têm coisas fáceis de entender que se tornam incompreensíveis. Tem sonhos reais e, ao mesmo tempo, nada plausíveis. E o pior de tudo é quando o que resta é mágoa.
Perguntas insuportáveis ( sempre sem respostas ) que nos alcançam mesmo quando fugimos para os nossos períodos de exílio forçado.
Eu te entendo!
Tu me entendes!