CIA AVALON

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Desdém


Um desdém brota de meu peito como uma fenda que sangra, por onde passa destilo essa dor, num eterno lamento, em uma confusão que ainda demoro a digerir.

O amor é um sopro de um desejo que incendeia o corpo e enlouquece o querer, almejar um ser humano como um doce, uma satisfação para o ego.

É egoísmo desejar algo como quem deseja água para matar a sede, é insano o desejo aguado, reprisado, ressequido, preterido, indesejado, amaldiçoado, ridicularizado, jocoso, desdenhoso, é puro desequilíbrio, mas é.

Tem sentimentos que não temos como mensurar, como medir em uma métrica o farfalhar de um coração apaixonado ?

Como perdoar o que nos foi tirado como mulher ?

Como perdoar o desdém e o sarcasmo que um homem direciona ao querer de uma alma feminina ?

Como perdoar?

Como deixar que o tempo cure se a ferida se abre a cada dia como uma chaga pulsando sangue, pus e dor ?

O cérebro racional diz: eu perdoou, mas o corpo diz: não, eu não perdoou, meu corpo sentiu, meu coração acelerou, minha boca ressecada ficou, meus hormônios acordaram, minha pupila dilatou, todos as sinapses do meu corpo, mas as dicotomias de dentro de minha psiquê se revoltaram em uma corrida contra o tempo, uma louca e desenfreada busca por um sorriso, um respeito, um aceno, um pedido de desculpas, mas não.

A capa de bondade para mim é puro teatro, a aura de humildade, de doçura, de superioridade intelectual, de supremacia entre os jocosos movimentos da realidade me mostram a real: um simples cifrão e a nota seria outra.

E eu? Vou somando em meu caldeirão, fervendo minha mágoa, minha dor de cotovelo, minha insanidade, minha imaturidade e aceno para a minha incapacidade de lidar com meus próprios medos, minhas inseguranças que vão crescendo com o passar do tempo.

Descascando minhas neuras, minhas incertezas e meus mais pesados sentimentos, o ato de dizer me consola e minha pena vai tecendo um bordado de dor, de sofrimento e de traumas.

Cansada de dizer e não ser ouvida, cansada de amar e não ser correspondida, a idade vai trazendo a maturidade de um corpo que chora, que lamenta e que canta.

Enquanto o tempo vai maturando minhas dores, o sal vai lambendo minha pele, minhas células, minha alma.

E assim sigo.

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo



domingo, 13 de setembro de 2020

ESCREVA


Quando penso nas manhãs de sábado, dou risada das mais loucas tentativas de dizer.

Quando penso na saudade dolorida que sinto das deliciosas manhãs de sábado, penso em chorar.

E choro.

Você cavou fundo uma cova em mim

Você cavou fundo uma cova dentro de mim

Você cravou fundo uma estaca em meu coração

Conseguiu matar a doçura de um bem querer e transformar em amargura, em tristeza, em lamento, um desfecho triste, pesaroso e pouco digno do que eu sou.

Enquanto estive olhando para o infinito mar de alegrias, tuas risadas de sarcasmo e desdém foram poluindo meu límpido mar, nas tessituras de uma alma romântica e sonhadora, havia amor, clareza e bondade, aos poucos fui rompendo a casca de ovo que fui gerando em torno de ti, e as máscaras foram rompendo o ideal de que o humano que te habita seria generoso comigo, as circunstância foram encaixando os tempos e num acaso que em nada foi satisfatório, os dias se transformaram em uma ampulheta, marcando o tempo.

O tempo

Esse gotejar de dias, de horas, de minutos, de segundos, um arrastar de sensações, de percepções, de aprendizados que vão se acumulando, aos poucos efetivar a lei do vácuo é esvaziar-se dos lixos mentais que vamos guardando como carta coringa para então em um momento de desequilíbrio jogar no universo tudo o que vamos deixando criar mofo dentro de nosso corpo.

O Corpo

Corpo que é resultado do que pensamos, corpo que se mostra nos detalhes do movimento, o corpo é um falador de nossas emoções, as paredes internas do que ingerimos, do que vamos consumindo, do que vamos sentindo e criando geram padrões pensamentos que se organizam para determinar o que somos.

A única experiência que ressalto de todos esses relacionamentos que foi elencando é a vivência que isso gera, elos amorosos, elos afetivos, elos espirituais, corrente de vida que se conectam pelo objetivo de vida, defender um conjunto de ideais faz dos grupos um real encontro.

As pessoas se irmanam através do que acreditam, em âmbitos profissionais, espirituais, religiosos e amorosos, as diversas pessoas que vamos conhecendo nos dão a certeza de que com alguns temos afinidades, de pensamentos, de atos, de ideologias, em outros casos temos a real noção de antagonistas, seres que entram em nossa vida somente para que aprendamos algo com elas e simplesmente se tornam indignos até mesmo da lembrança.

Só existe memória afetiva para aqueles que tiveram uma importância significativa, quem não soma deve sumir em todos os âmbitos.

Vampiros de vida são assim, não costuma trazer nada que se aproveite para a realidade, buscam nas satisfações do gozo existencial rir e diminuir a importância da cronologia das relações.

Um relação que perdure por mais de uma década deve ter sempre o respeito, amar alguém no passado, perdoar e ainda assim mantê-la viva em nossa alma diz muito do amar que norteia os desejos.

O ato de amar vai além das relações cotidianas, amamos por desejo forte de superar o mundano, amamos pois fomos catequizados para amar, para perdoar e acima de tudo aceitar.

Amamos pois amar é o que nos foi ensinado, que acima de tudo devemos considerar o outro mais importante que nós mesmo, se te ferirem ofereça a outra face, balela.

Quem quer ser ferido, usado, descartado fica nessa falsa modéstia do que isso caracteriza como caridade, não costumo quantificar o amor, mas a ofensa da maioria das pessoas está nesse pensamento católico-cristão de que temos a obrigação de aturar a falta de respeito do outro.

Não aceito a verdade do outro, assim como não faço questão de ser verdade e nem razão para ninguém, o que professo como experiência de vida serve de base empírica para a minha evolução.

Costumo dizer que sou responsável pelo que digo não pelo que você que me lê consegue compreender, a inteligência mediana das pessoas que não estão acostumadas a escrever geralmente gira em torno da dificuldade em processar seu pensamento em palavras, as pessoas tem essa mania de conseguir verbalizar, de oralizar, mas ao tentar expor isso em palavras textuais ficam em algo que categorizo como: achismo.

Eu acho que, eu penso que, eu ? Eu afirmo, escrever não é fácil, expor o que se pensa com simplicidade, clareza, coesão, vai tempo, demanda exercício, curso, leitura, aprendizado, não basta querer escrever - é preciso ter essa predisposição inata. 

Simples.

Antes de querer dizer que sabe, ESCREVA.


Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

sábado, 12 de setembro de 2020

A VAIDADE E A VERDADE

 




Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

Sobre os pequenos manuais de felicidades vendidos à preço justo e adequado, neste pequeno caminho em que doses de doçura são vendidos em potes de gente, não aceito esses pequenos detalhes que a vida impõe.

Amadurecer traz um novo paradigma: a velhice.

Não doí ter rugas e ou a pele envelhecida, não. Doí não ter mais as ilusões da juventude e ou a pureza de um olhar infantil, a maturidade chega com o coice de um burro e lá se vão os sorrisos inocentes e os olhares encantadores, chega-se a uma sensação estranha: a amargura.

Nem que a risada seja a mais pueril e o pulo o mais inocente, de repente de dentro de você, surge uma velha risada com aquele sarcasmo típico dos idosos: você está velha.

Escancaradamente as risadas dos jovens já se anunciam no pulo sem noção, nas cervejas, nas inocentes piadas que riem enquanto passamos: lá vai a velha.

Eu aceitei tranquilamente ser chamada de : Senhora.

Pensei milhões de vezes que envelhecer seria doloroso, que teria crises de meia idade, que seria um martírio, que as rugas, o "crec-crec" dos ossos seriam motivo de tristeza e bah, que nada.

Amo envelhecer e me olhar no espelho e não sentir saudades do que fui, da tola, da romântica, da inocente, da pueril, da imbecil, da maluca, reticências à parte ainda continuo: louca.

Esse delicioso adjetivo: a velha quarentona louca, melhor definição para minhas indagações, fazer quarenta e dois anos me deu uma noção do quão divertido é ser: velha.

Nem tudo no caminho do corpo humano é divertido, o coração já palpita meio cambaleante, as pernas dão um sinal claro de que algo está confuso, já tranço mais minhas canelas, meus dentes são amarelados, me esqueço facilmente do que estou fazendo, sinto faltas absurdas e medos inexistentes, a velhice me trouxe mais coragem, estranho não ?

A estranheza não reside na aceitação e sim na minha tentativa de explicar o processo cronológico que a vaidade vai trilhando, depois de tantos anos buscando ser bela, tendo a necessidade de andar arrumada, maquiada, pronta para seduzir e encantar, fui paulatinamente perdendo esse trejeito feminino. Um processo natural do envelhecer seria a tentativa inútil de anular o tempo, gastando dinheiro com processos de beleza, de retardar o inevitável e inexorável poder da putrefação.

Estado de células que vão morrendo e se apagando dentro do meu corpo, uma pele que recobre um esqueleto que se esmera em barganhar com a epiderme tentando não pinçar a coluna que reclama sem parar do peso da idade.

A naturalidade da beleza é ao meu modo peculiar de ver um deleite, um doce delírio de quem ama ser como se é, gosto de me ver na plenitude da vida, olho para meus olhos e sorrio, olho para minhas rugas e rio delas, penso no meu sexo e barganho com ele, em uma terrível batalha entre ser mulher, ser humano ou simplesmente ser vivo.

Existem poucas situações nesta encarnação que me trazem prazer, uma delas é escrever, esse terrível hábito adquirido em minha juventude me faz ter essa "persona", é gostoso dizer-me: escritora.

O senso comum me dirá, uma escritora fadada ao insucesso, de cá de minha loucura de vaidosa ao extremo grito: Para o inferno com a opinião do outro(a).

Escrever, dizer, contar, pensar, atos que me fazem feliz e quiçá a velha louca que reside em mim nunca me abandone, pois dela residem os mais deliciosos pensamentos.

Amo envelhecer.

sexta-feira, 12 de junho de 2020






Em cada silêncio de minha alma existe um verso dedicado ao amor, em toda a sintonia de minha alma existe um doce desejo, o amor preenche os espaços vazios de uma eterna espera.
A eternidade é reservada para aqueles que esperam por respostas que o tempo não traz.
A saudade é a distância da razão de um coração que chora por amor, dilacera por dentro o que traz dor e sofrimento.
Eu sei o que sinto dentro da minha alma e sei o que meus dedos verborrágicos deitam neste papel.
O amor me conduziu por veredas de ilusão, mas amar é um passo para a conquista do perdão, o doce silêncio de um amor, a doce conquista de um fim, um término que se faz por pedaços.
É estranho amar e difícil deixar seguir, triste ver as portas se fechando e aquele silêncio da triste ausência do som, do cheiro, do toque, do sorriso, o romantismo é isso.
Aquela música, aquele dia ao pé da árvore, aquela jura perante o mar e é difícil perceber que nem tudo dura para sempre, o velório do que foi é a descoberta que deixar seguir é mais duro do que aceitar o fim.

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo.

sexta-feira, 5 de junho de 2020




Ele segue um rumo que não me pertence
Me grita em silêncio
Entre lágrimas doces e salgadas

Graceja para um ouvido
Que não me é

Sorri para um espelho
Que não me enxerga

A tentativa vã
De me dizer

A tentativa vã
De me negar

E eu nego o quê?
E eu reafirmo o quê?

A ausência é um desafio
A presença é uma disputa

Na corrida tresloucada
Na vitória anunciada

As marchas foram acesas
Eu?
Dei a largada

Que vença o mar
Que vença a verdade
Que vença
Que me convença
Do que é.

Eu ?

Só mar e poesia.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Quando o olhar luminous, me alcança







" Quando o olhar luminous, me alcança

Gira em torno de mil décibeis

Ele ecoa em minhas células

E retumba em meus átimos "


Nunca sei ao certo como agir

Nunca fugi tanto de uma pele

Um toque sutil

Que ele tenta negar

Nega, nega ?

Nega que eu existo ?

Por quê ? Eu fiz tudo para estar contigo.

Larguei tudo por você

Abandonei o velho

Deixei minhas raízes

Meu chão, minha ancestral vida

E pra quê?

O que sou pra ti ?

Uma piada ?

Uma qualquer?

Uma puta da perifa?

Quanto desrespeito 

Quanta falta de reconhecimento

Fiz tudo para te proteger

Para te dizer

Te dei amor

Te dei Dinheiro

Te dei tempo

E te salguei a pele com o sal da verdade

E do que isso me valeu?

Meu mar não vale nada né?

Sou uma qualquer, né?

Tua beate louca que vale algo, né?

Chora muito, tá?

Chora mesmo

Eu morri por ti

Te dei ouro - te chamei de menino

Deus

Te dei mirra

Te dei dias e noites de amor

Fui verdadeira

Defendi teu trabalho

Te levei ervas, flores

Abdiquei de estar com os meus por ti

E pra quê, pequeno Curumin?

Pra quê?

Pra tu rir, né?

Aproveita o riso é lucro!


Autora: Priscila de Fátima Jerônimo





 

terça-feira, 26 de maio de 2020



O medo em tempos de pandemia

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

 

Qual o medo que te assombra nos dias de hoje?

Qual a sombra do temor que ronda tua cabeça?

Qual o preço da cura que não possuímos?

Hoje, em plena época de uma pandemia mundial que nos abraça o corpo e nos destroça a alma, buscamos respostas que nos diminua a sensação de luto, a fé é sem sombra de dúvida um escudo que usamos para nos proteger, nessa busca por sanidade mental frente à este “monstro” que a falta de convivência social gera, nos enclausurando em nossos lares, as relações “ao vivo”, o olhar face a face se transformou em relações cibernéticas, um futuro que se mostra no presente, como algo viral que nos reduz a meros dados gerados pelas comunicações via internet.

Esse meio de comunicação é o que nos tem dado vazão e sentido para estes tempos, educamos para a modernidade, entretanto esse “modo operantes” que as relações frívolas vão se desdobrando no decorrer do tempo nos conduz para uma “loucura” por respostas.

As respostas chegam por meios duvidosos, laboramos por um mundo justo, um mundo onde possamos novamente nos confraternizar como outrora, pedimos ao tempo que nos poupe a “máquina humana”, que não nos ceife a sanidade que anda beirando o surrealismo.

Quem imaginaria que em pleno ano de 2020, estaríamos fadados ao isolamento?

Quem em sua mais louca imaginação conseguiria vislumbrar um momento como este?

Quem em seu ofício de professor(a), consegue administrar esse caos criativo e ainda assimilar suas próprias sensações, suas emoções e seus medos frente a este cenário?

A fé que nos move nos conduz ao estado meditativo, estados de consciência alterada buscando o encontro com o divino, a gentileza nos atos, a bondade no olhar, a prece que erguida em pedidos de amor, de compaixão nos blinda o corpo, que fatigado se reduz às lágrimas de muitos.

Estamos vivendo em tempos de guerra, em tempos de uma violência que se expressam em números de covas abertas pelo descaso, mães lamentam a partida de jovens negros que se foram, lágrimas de Mãe Preta, de Pai Preto que chora ao som da fome que ronca em barriga vazia.

A fome um estado natural do corpo físico, a carência de nutrientes que dê ao humano a alimentação,que forneça saúde, diante da necessidade de afeto, de vida, de amor, de ternura, qual o preço da bondade?

Diariamente assistimos as mortes do alto de uma consciência que nos permita repensar nossa postura diante da vida, uma nova forma de encarar a humanidade, um déficit temporário que nos impulsione em uma nova concepção de relacionamentos.

Os termos família, casa, filhos e educação conjugados dentro de um confinamento mental, pais se desdobrando para lidarem com a falta de dinheiro, com os filhos buscando respostas, com suas próprias fraquezas e diariamente essa tortura têm deixado lacunas dentro dos lares.

Qual o resultado de tanto medo?

Qual a reposta para esse tempo?

Qual a pergunta sem resposta que minha mente não consegue mensurar?

Qual o valor da saúde que não temos?

Perguntas sem resposta, por ora somente a terra de cemitério grudada em meu sapato filosófico.

 

 

 

 

 

 


sábado, 23 de maio de 2020

EXÚ




Exú é a representação da Vida.

Exú é a essência da comunicação.

Exú é todo o caminho.

Exú é aquele que fala pelos atos.

Exú é aquele que dita regras.

Exú é aquele que soluciona na LEI.

Exú vence todo o conceito de dor.

Transpassa toda a dúvida em certeza.

Ele é nossa FÉ.

O QUE TRANSFORMA AMOR EM REALIDADE?




O que transforma amor em realidade?

O que o estado de amor transforma as pessoas?

Estar em constante contato com as esferas angelicais, um encontro com sua essência angelical, tocar e sentir a profundidade de amor, de beleza, de estados de elevação de alma te conduzem ao amor puro e devotado.

O que me faz mais completa nesta existência?

O amor?
A Piedade?

A compaixão?

A Caridade?

Quais sentimentos emanamos de dentro de nosso mais profundo ser, quais as sensações que o amor evoca?

O amor me fez ser mais compassiva com a vida, mais complacente com o outro, mais paciente com minhas dúvidas internas, com meu “eu” mais humano, na certeza de minha humanidade, busco o encontro com a prática da poesia.

Um olhar romântico e poético para a vida, a forma mais angélica que descubro o divino é através das rimas e dos versos, em um lindo poema escrito à mão, com letras de forma desenhadas feito coração que se desdobra em canção, em música.

Olho o infinito e percebo que o “caos” existe e nele eu habito.

Em um grande caldeirão de semente, águas de alfazema e pitadas de açúcar que nutrem meu corpo, minha pele, meu amago.

Nesse fogo eterno que me consome, me destroça por dentro e quebra dentro de mim todas as carapaças que fui vestindo no decorrer de anos, inúmeras dúvidas abrigam  puras certezas, minhas incontáveis vozes, dormindo caladas entre escombros de um edifício chamado: Verdade.

A minha verdade não é necessariamente a tua escolha e minhas dúvidas não te abraçam o ser, portanto não negue a vida que te trouxe até aqui.

Não duvide do poder de um coração repleto de lirismo, de doçura, de amor e de absurda fé.

A fé que me move é a mesma força de vontade que me faz caminhar pelas veredas da Educação, um timoneiro sendo guiado por minhas mãos.

Ergui minhas velas brancas e gritei: “ Avante, marinheiro!”

Logo à frente tem um farol e por ele consigo vislumbrar a praia, que de longe se faz de Cais, lá existe um ser, acenando com um lenço branco, me dizendo volta, volta.

Olho silenciosa, abro uma garrafa de rum e beberico no gargalo, brindando ao barulho que as ondas fazem ao bater no casco do meu barco.

É tanto vento e tanta chuva que mesmo molhada, com frio, cansada, ainda sorrio.


Ê, Mãe do Mar, sou uma simples Capitã deste imenso barco que por horas parece pequeno e por outras vezes se mostra como um grande navio negreiro cheio de sonhos enjaulados dentro de si, para ecoar em um grito de dor e lamento, nas galeras de meu corpo, aportaram o chicote e a chibata, o canto vem de longe, de Luanda, de Angola, da África que se faz em minha fibra mais densa, sou uma corda, amarrada a um porão velho, entre solavancos de dor e açoites de injúrias sigo, sou negra, sou mestiça, sou indígena, sou mulher.

Calada nunca, sofrida algumas vezes sim, mas em nada meu cais se perde, em nada meu fogo interno se apaga.

Sou o silêncio de uma anca, sou o fogo de uma certeza, sou a renda de uma fábula, sou a mão pintada de vermelho, as meias de cetim, o espartilho jogado no baú de delírios, sou a noite mais densa e profunda, sou a lágrima escorrida entre meus olhos e os cílios que se grudam de tanta maquiagem.

Sou o beijo do carmim que deixei entre seu colarinho e seu pescoço, sou o perfume barato que insiste em abrigar tuas narinas, sou o abraço de ondas feitas de desejo que a tua alma negou, sou ela a te visitar – Yemanjá.

Dona de todas as cabeças, senhora de toda a Criação.

Eu sou.

Eu fui.

Eu serei.

Onda.

Marola.

Ventania.

Mar.

 

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo.

23/05/2020

19:21

 

 


sábado, 9 de maio de 2020

ANIVERSÁRIO DE CIRURGIA




DIA 06 DE MAIO DE 2020

Essa semana passou tão rápido que eu estive tão atarefada com minhas obrigações dentro de escolas, que hoje sábado dia 09 de maio, parei, olhei para as minhas mãos e para os meus livros, meditei e conclui um fato importante: cinco anos de cirurgia.

PEÇA: DIABÓLICO
CEU CAMPO LIMPO
ANO DE 2015

Comecei com o processo de descobrir-se obesa aos 15 anos, fui atleta, joguei volley na adolescência, tive sempre um metabolismo adequado para minha faixa etária, sempre me alimentei de uma forma normal, entretanto minha família tem esse quadro de obesidade, cardiopatia, diabetes e todos os pormenores de doenças de cunho cardiovascular, quando tive depressão pela primeira vez tomei um anti depressivo chamado: navane, um poderoso antipsicótico que seria capaz de me trazer a normalidade.
Tomei, comi, bebi, e o tal do “navane” ao invés de me curar me fez começar a engordar, dei um gatilho na fome e além de depressiva, passei a ser a gorda depressiva.
Ironias? Piadas? Risadas?
Quem é, que em sã consciência toma um antidepressivo para curar-se e ao mesmo tempo engordar?
Quando iniciei meu tratamento no H.S.P.M sobre a batuta do meu endócrino árabe, pensava sempre no combo de alegria: metformina, sibutramina e fluoxetina.
Em uma de nossas consultas, ele do alto de sua sabedoria me disse o que ficaria gravado em minha mente durante todo o processo para a cirurgia:
- Você tem uma doença e ela se chama: Obesidade. Você não é sem vergonha, não come o que come simplesmente por que é cara de pau, não. Você é doente e vai morrer se não se decidir pela cirurgia.
Um soco em meu estômago, saí torta daquela consulta e decidida a dar o “start”, depois desse dia tomei vergonha na minha cara e olhei para o espelho e disse:
- Gorda, chegou a hora de dar o passo seguinte.
Operei, mudei completamente a forma de ver o meu mundo, cinco longos anos se passaram e hoje posso me dar o luxo de ter uma vida mais saudável, mais comprometida comigo mesma, com minhas questões corpórea, voltadas para o estudo do corpo, da dança e do teatro.
Um sistema complexo de vida, onde a saúde prima pela busca de sanidade mental, espiritual e corporal.



quarta-feira, 15 de abril de 2020

DIVULGAÇÃO DE EXU NÃO É DIABO



No ano de 2018, resolvi consagrar meu ano ao Orixá Exú, estive presente na Bienal do Livro para o Lançamento do Livro do Escritor e Sacerdote de Umbanda Sagrada, Alexandre Cumino, sou uma estudiosa do Figura Mítica de Exú, pesquiso essa relação de demonização que o demônio, o capiroto, o diabo, o coisa ruim, e todos os adjetivos e pejorativos que envolvem a figura arquetípica do Comunicador, trazem ao mundo contemporâneo.
Pesquisar a relação que a demonização da figura mitológica Africana, causa na sociedade brasileira me levam a pensar e refletir sobre o preconceito que as religiões afro-ameríndias ainda evocam no Brasil.
Falar de Exú, de religião de Matriz, de preconceito, de Terreiros, de povo de Santo, sempre será um dos motes das minhas pesquisas de corpo. Estudo a movimentação dos Sagrados Orixás, buscando através do estudo da movimentação corpórea um mote baseado no eixo vertical do corpo.


Este vídeo foi feito na Sede do CAPS, Região do Grajaú, um trabalho Registrado pela Atriz Dora Medina, uma trabalho de estudo performático tendo como eixo de pesquisa a figura mítica do Orixá Exú, a música usada para este feito é uma composição da Juçara Marçal e do MC Criolo, agradecer ao Povo de Chão por me permitir estudar o eixo vórtice corpóreo que permite ao ator, a atriz e todo o povo que estuda a dança como pesquisa de saúde, como principal instrumento de expressão artística.

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo






quinta-feira, 9 de abril de 2020

GERAÇÃO





Se tenho todos os sonhos
Se tenho todas as respostas
Se tenho todos os dons

Veja
Sinta
Perceba
O que sou

Sou
Somente
Essa LUZ.
Essa força

Que te abraça
Em uma noite fria de solidão
E te mostro o Infinito
E te mostro o mundo

Te conduzo
Por estradas luminosas
Te dou meu mais precioso dom
O de ser mulher

Sim, sou mulher
E te entrego minha sagrada expressão
Sabedora que sou
Que isso verdadeiramente sou EU

Receba o que te dou
Agradeça e reflita
Tens mesmo o dom de ser como sou ?
Ou me queres somente como moeda de troca?

Sou uma coisa em tuas mãos ?
Não, não sou
Te expresso a minha máxima LEI : Ser LIVRE

Se sou livre
Me nomeio em teu caminho
Me faço em tua vida e renasço
E te sopro meu mágico poder : A LIBERDADE.

Portanto me tome em teus braços e seja livre
De absolutamente tudo: até mesmo de mim.

E refaça-se com o sabor e o vento de minha LIBERDADE.
Eu sou LIVRE, Caminho pelas Estrelas, Navego pelo Mar, Caminho pelas TORMENTAS
E sigo.
Assim sou.
Assim Serás

Minha Vida, meu Ser , Minha verdade.
Voe LIBERDADE
VOE.
VOE.
VOE.

Sou uma Fênix, renascida das cinzas do Passado e volto Forte, invencível e absurdamente nova.
Sou a expressão máxima de mim mesma.
Sou grata a meu SOL, por ser Terra, firmeza e discernimento.
Sou grata a meu Grande Arquiteto, por me dar caminho, objetividade e acima de tudo por me aceitar: como sou.

E somente Creio no Amor.
E eu creio na força do amor
E eu creio na força do Amor

E assim sabedora que sou, abraço me ao Timão do Barco de minha Vida e Sigo, com meu Marinheiro, Meu MAR e sou prospera, feliz e abundantemente amada.
Sagrado Feminino + Sagrado Masculino = Geração.
777
P.F.J

terça-feira, 7 de abril de 2020

SP ESCOLA DE TEATRO

AIMAR LABAKI
















A SP Escola de Teatro tem várias sedes em São Paulo, estas fotos foram feitas na Sede do Brás, com um Prédio que foi a Sede da Escola Estadual Padre Anchieta, a Escola de Teatro faz o diferencial na formação artística do ator, da atriz, dando cursos em várias vertentes da arte. Na época cursei "Dramaturgia Paulista" com o Professor Aimar Labaki, um tema fascinante onde tive a oportunidade de estudar textos de  vários dramaturgos Paulistas que tinham na Metrópole sua Cidade Mágica, com os ditames da Época, uma fascinante viagem pelos textos de Vianinha, Gianni Ratto, ter a orientação de Aimar, com sua história dentro da dramaturgia, do teatro, da direção e seu peculiar bom humor fazem do estudo teatral uma fascinante e eterna busca.
O fazer teatral passa por vários setores da Arte, desde o pensar sobre teatro, a reflexão da historicidade contextual e as percepções de uma época.
Textos de Dramaturgos que sofreram com a repressão e na contestação do sistema imposta exigiam uma observação sobre Arte e Revolução.

AUTORA: Priscila de Fátima Jerônimo


VIANINHA 
GIANNI RATO


SESC CAMPO LIMPO