As
dificuldades do romance em tempos de Pandemia
Autora:
Priscila de Fátima Jerônimo
Essa semana ao beijar meu
namorado com uma máscara no rosto, tive a sensação triste e ao mesmo tempo
risonha do amor que devemos nutrir dentro de nossa vida cotidiana.
Andar de mãos dadas na rua, olhar
nos olhos, jantar e comungar de um princípio de amor em tempos de ódio, me
fizeram acreditar que é possível exercer o amor mesmo diante das inúmeras faces
cobertas por panos.
Não poder abraçar, não poder
encontrar, não poder dizer presencialmente me dizem por dois anos o quão
afetuosos somos.
Um país que é o afago em forma de
humanidade, que se faz de carinho no riso, no samba, no afeto dos tambores que
entrelaçados de fé se auto proclamam como um grito: Liberdade.
Libertem nossas almas de tanta
carência, libertem nosso choro diante da impotência de não poder velar os
nossos negros mortos no dia a dia dos genocidas.
Libertem nossos urros de ódio
frente ao desmando, frente a fome, libertem Mandela que mora em alguma alma
negra, nativa, dessas mentes jovens que cantam em saraus, que declamam como
“loucos” em periferia dispares.
Libertem o nosso maior sonho:
Voltar nossos batuques, voltar nossos atabaques, nossas festas de Umbigada,
nossas rodas de Capoeira, nossas Rodas de Fogueira ao pé de nossos Ilês.
Por um ano em que nossas Mães
(Yalôs) possam novamente se paramentar e sair de cabeça erguida com seus filhos
no colo, amamentando um futuro quiçá distante mas alimentado no fogo do que Exú
é.
O ano de 2021 é regido pelo Trono
da Fé, que na Umbanda é definido como Oxalá e Logunan, A fé que norteia a busca
pelo conhecimento é a mesma energia que o atemporal executa.
Neste ano a busca deve primar por
manter-se fiel ao princípios do que nossos Deuses ditam, somos seres que buscam
a comunhão com a Energia do Sagrado, vivemos em tempos sombrio onde o pior do
humano se manifesta na intolerância, na discórdia e principalmente no manchar
do sangue dos nossos negros e indígenas.
Se pautarmos nossa existência
pela propagação do ódio e mantivermos nosso campo mental focado nessa
dissonante nota, não chegaremos ao término deste tempo pandêmico vivos.
Seremos somente corpos vazios,
desprovidos do que Oxalá nos ensina: Concórdia, paz e acima de tudo respeito.
O respeito as nossas guias, as
nossas tradições e que esse tempo de nos limitar na ação de nossos terreiros
seja somente um momento de reflexão de novas formas para vivermos condignamente
nossa religião: Umbanda e Candomblé.