CIA AVALON

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Criando esquetes para futuras peças teatrais.




Eu brinco de ser feliz ao teu lado, criei uma casa de fantasia onde tu és meu senhor e eu sou sua senhora, brinco de esconder tuas chaves para não sair ao trabalho e comigo ficar.


Sonho com os teus passos lentos pela casa me prenunciando o cheiro delicioso de um café, brindo-te a boca com um gosto de bala de hortelã, despenteio teus cabelos fartos e mordo teu queixo atrevido...Sorrio e brinco com tuas melenas que caem sob teus olhos negros feito jaboticaba. Me aperta a cintura como se dissesse em silêncio: tu me pertence. Envolvo teu pescoço como uma criança que se protege de um susto, rodopias me pela sala em dia de sol, minha saia colorida gira-gira-gira...Nosso gato olha assustado como se perguntasse o que estes seres estão fazendo? Você me pergunta: Tu és feliz ao meu lado, mon petit?


Olho firmemente em teus olhos de noite e digo: Só encontrei a felicidade nos braços teus,me fiz em tua alma, só me sinto plena em tua presença...


Uma lágrima rola brincalhona de tua face – minha língua atrevida a lambe como se fosse uma gata, ronrono em teu ouvido: Quero você! Tu me mordes a nuca e diz baixinho: Te amo minha birrenta, contigo meu mundo ganha cores, sons e cheiros. Casa comigo?

domingo, 24 de julho de 2011

Eu me apaixonei por um grande espelho

Me apaixonei
Por um espelho
Confuso
Difuso


Me encantei
Por um espelho
Vibrante
Falante


Me intriguei
Por um espelho
De carne
E osso


Me aventurei
Por um espelho
Profano
Profundo


Me joguei
Por um espelho
Trincado
Rachado


Me espantei
Por um espelho
Fosco
Sem brilho


Me desiludi
Por um espelho
Grosseiro
Sem vida


Me formatei
Por meu reflexo
Que vi ali
Naquele espelho


Me apaixonei por Narciso...


( Pra ti minha referência de mundo atual. Onde quer que vá te levarei aqui em minhas letras. Grata.)

sábado, 16 de julho de 2011




Lembrei de você nas ruas escuras e iluminadas pela noite de Copacabana...
Lembrei de você e vi sorrindo ao meu lado a figura mítica de Nelson...
Lembrei me de você sentada a beira a mar, junto ao meu violão
Havia uma garrafa de vinho, daqueles baratos...Não havia copo, bebia da garrafa mesmo, estava com meus pés cansados, havia andado o dia todo, tentando te esquecer...Esquecer o que de Nelson Rodrigues - acordou em mim, esquecer da prostituta libertina que mora em meu corpo, que pede gozo, sexo e luxuria...Olhei para as areias de Copacabana e vi um vestido branco todo bordado e quase pude te ver, com as mãos cheias de sangue lavando a alma do mar com teu ato profano...Deite-me na beira da praia e desejei que tu estivesses ali, deitado sobre meu corpo, sentindo a energia que emana de mim quando sinto tu perto de mim...Corri solitária, meu violão - somente ele me acompanhava, mas havia algo que faltava, que gritava e ecoava na boca de Baal, ele gritava em meus ouvidos e ao fundo tambores negros se apoderaram de mim, me vi nua no meio de vários homens, a sensação era muito ruim, seria devorada viva, atacada, cuspida, estuprada, mas não sentia tanto medo assim, o mar estava me guardando.
Andei solitária pelas ruas de Copacabana, passei em frente a uma escola de arte e nada ali me dizia de você, de teu olhar, de tua estética...Onde estará aquele que amo e ao mesmo tempo odeio, onde estará aquele que temo e ao mesmo desejo, onde estará aquele corpo que não me pertence mas já faz parte de mim...Onde está aquela boca, que falava aos meus ouvidos...Por que está boca não fala em minha boca?Por que esse desejo insano, profano e profundo - por que essa vontade louca de te agarrar o corpo e te comer a alma...Por que essa luxuria tremenda de te tomar o gozo mesmo que não seja o meu...Por que esse desejo sadomasoquista, de te ver sofrendo?Por que essa loucura insana de ter possuir ? De te subjugar ?Por que acordou a fera maligna que estava adormecida no calabouço do meu corpo...Estava tão feliz, plena, não fazia sexo há três meses e estava no cio, urrando, uivando...E encontrei o homem - ele é da rua, cigano, artesão, argentino, mora na favela, vive do hoje, anda descalço, estava sujo, mas era meu...Estava nas ruas de Niteroi e me acolheu, sentou comigo no chão, fumou comigo, bebeu comigo, os pés dele mau tocavam o chão...Fiquei preocupada e lhe ofereci uma massagem, ele aceitou, levou me para tua casa - na favela, no meio do nada e no centro de tudo, acolheu meu corpo, aceitou minha alma, agradou me com a água limpa de um banho, deu me de comer, tocou meu violão, perfumou se para mim, ficou limpo, cheiroso, toquei lhe os pés, colocando no lugar a dor de uma luxação...Estava sendo seduzida, aquele argentino...


Autoria: Priscila de Fátima Jerônimo 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O amor era somente uma piada

Sabe quando tu se ilude e cria uma pessoa imaginária em teus devaneios ?
Sabe quando tu mente pra si mesmo e jura por Deus, que aquela pessoa é incrível ?
Sabe quando tu diz  pro destino que sim, vale a pena esperar por ele ?

Pois bem, não me iludo mais, não fantasio mais, e não creio mais na humanidade precária desse ser, sim, me enganei por tantos anos, julgando que não havia mal, não havia imposições, não havia mentiras e dissimulações...Que tola, que sou...Percebi tardiamente que deixei meu coração na beira do rio das mentiras de um homem que me usou como se usa um brinquedo velho e como não há mais conserto - tu joga fora como um trapo velho e puído.
Que triste, algo tão belo, tão sincero, se transformar em ódio, em desprezo , em lástima...Enfim, é o fim da ilusão que um dia chamei de amor.