O tempo vai se perder
entre as suas dúvidas e as mais doidivanas certezas, não ter respostas para
perguntas simples me faz não verbalizar o que penso .
Refletir sobre o que penso
e sinto é um ato contínuo de existência, um gotejar de sinapses que se
distorcem entre sentir, equacionar e raciocinar sobre todo esse contingente de
situações.
Entender-se é um ato de
pertencer, se penso no que crio, no que vou professando como premissa de vida,
exerço o direito de ser uma mulher questionadora.
A mesmice dos dias, das
relações, das inúmeras maneiras que as mulheres são vistas dentro dos contextos
sócio econômicos me faz de tristes constatações.
O capital que é gerado por
um corpo feminino, nascido feminino, com as aspirações de uma maternidade, de
um tempo em que não havia a espera por outra situação que não fosse: azul ou
rosa.
No ano de 2021 as formas
humanas que se expressam no mundo primam por realização, por satisfação do
prazer, das necessidades que satisfaçam o ego.
Sexo frágil, sexo
infantilizado, corpo feminino reduzido ao machismo, ao corpo que tomba frente o
cansaço da luta por direitos conquistados mas ainda questionados.
Revolução feminina é
balela de se ler, entre solavancos de dor, de descaso, de violências diárias,
dessas miúdas que vamos nos acostumando a ouvir, a silenciar e em muitos
momentos acabamos por achar normal, é a vida, somos mulheres.
Servilismo, submissão,
posturas indignas de tantas mentes femininas que se posicionam diariamente como
trabalhadoras, como senhoras de um tempo chamado dinheiro.
Recebemos esmola, ganhamos
recompensas desde a infância, nos enfraquecem reduzindo nossos corpos a meros
objetos de distração, de beleza, de ter que...
Temos o quê?
Temos que fazer?
Temos que agradar?
Temos que ser?
A tua obrigação é a de
agradecer por ser mulher, sofrer com dores de cólica, ter que se fantasiar como
uma coquete, ter que ser bonita, atraente, sedutora, arrumada, cheirosa,
amante, doce, prestativa e no final do dia ainda : agradecer.
Sirva. Seja. Peça.
Obedeça.
Assim você será feliz.
Será?
Autora: Priscila de Fátima
Jerônimo