O que o estado de amor
transforma as pessoas?
Estar em constante contato com
as esferas angelicais, um encontro com sua essência angelical, tocar e sentir a
profundidade de amor, de beleza, de estados de elevação de alma te conduzem ao
amor puro e devotado.
O que me faz mais completa
nesta existência?
O amor?
A Piedade?
A compaixão?
A Caridade?
Quais sentimentos emanamos de
dentro de nosso mais profundo ser, quais as sensações que o amor evoca?
O amor me fez ser mais
compassiva com a vida, mais complacente com o outro, mais paciente com minhas
dúvidas internas, com meu “eu” mais humano, na certeza de minha humanidade,
busco o encontro com a prática da poesia.
Um olhar romântico e poético
para a vida, a forma mais angélica que descubro o divino é através das rimas e
dos versos, em um lindo poema escrito à mão, com letras de forma desenhadas
feito coração que se desdobra em canção, em música.
Olho o infinito e percebo que
o “caos” existe e nele eu habito.
Em um grande caldeirão de
semente, águas de alfazema e pitadas de açúcar que nutrem meu corpo, minha
pele, meu amago.
Nesse fogo eterno que me consome,
me destroça por dentro e quebra dentro de mim todas as carapaças que fui
vestindo no decorrer de anos, inúmeras dúvidas abrigam puras certezas, minhas incontáveis vozes,
dormindo caladas entre escombros de um edifício chamado: Verdade.
A minha verdade não é
necessariamente a tua escolha e minhas dúvidas não te abraçam o ser, portanto
não negue a vida que te trouxe até aqui.
Não duvide do poder de um
coração repleto de lirismo, de doçura, de amor e de absurda fé.
A fé que me move é a mesma
força de vontade que me faz caminhar pelas veredas da Educação, um timoneiro
sendo guiado por minhas mãos.
Ergui minhas velas brancas e
gritei: “ Avante, marinheiro!”
Logo à frente tem um farol e
por ele consigo vislumbrar a praia, que de longe se faz de Cais, lá existe um
ser, acenando com um lenço branco, me dizendo volta, volta.
Olho silenciosa, abro uma
garrafa de rum e beberico no gargalo, brindando ao barulho que as ondas fazem
ao bater no casco do meu barco.
É tanto vento e tanta chuva
que mesmo molhada, com frio, cansada, ainda sorrio.
Ê, Mãe do Mar, sou uma simples
Capitã deste imenso barco que por horas parece pequeno e por outras vezes se
mostra como um grande navio negreiro cheio de sonhos enjaulados dentro de si, para
ecoar em um grito de dor e lamento, nas galeras de meu corpo, aportaram o
chicote e a chibata, o canto vem de longe, de Luanda, de Angola, da África que
se faz em minha fibra mais densa, sou uma corda, amarrada a um porão velho,
entre solavancos de dor e açoites de injúrias sigo, sou negra, sou mestiça, sou
indígena, sou mulher.
Calada nunca, sofrida algumas
vezes sim, mas em nada meu cais se perde, em nada meu fogo interno se apaga.
Sou o silêncio de uma anca,
sou o fogo de uma certeza, sou a renda de uma fábula, sou a mão pintada de
vermelho, as meias de cetim, o espartilho jogado no baú de delírios, sou a
noite mais densa e profunda, sou a lágrima escorrida entre meus olhos e os
cílios que se grudam de tanta maquiagem.
Sou o beijo do carmim que
deixei entre seu colarinho e seu pescoço, sou o perfume barato que insiste em
abrigar tuas narinas, sou o abraço de ondas feitas de desejo que a tua alma
negou, sou ela a te visitar – Yemanjá.
Dona de todas as cabeças,
senhora de toda a Criação.
Eu sou.
Eu fui.
Eu serei.
Onda.
Marola.
Ventania.
Mar.
Autora: Priscila de Fátima
Jerônimo.
23/05/2020
19:21
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