CIA AVALON

sábado, 23 de maio de 2020

O QUE TRANSFORMA AMOR EM REALIDADE?




O que transforma amor em realidade?

O que o estado de amor transforma as pessoas?

Estar em constante contato com as esferas angelicais, um encontro com sua essência angelical, tocar e sentir a profundidade de amor, de beleza, de estados de elevação de alma te conduzem ao amor puro e devotado.

O que me faz mais completa nesta existência?

O amor?
A Piedade?

A compaixão?

A Caridade?

Quais sentimentos emanamos de dentro de nosso mais profundo ser, quais as sensações que o amor evoca?

O amor me fez ser mais compassiva com a vida, mais complacente com o outro, mais paciente com minhas dúvidas internas, com meu “eu” mais humano, na certeza de minha humanidade, busco o encontro com a prática da poesia.

Um olhar romântico e poético para a vida, a forma mais angélica que descubro o divino é através das rimas e dos versos, em um lindo poema escrito à mão, com letras de forma desenhadas feito coração que se desdobra em canção, em música.

Olho o infinito e percebo que o “caos” existe e nele eu habito.

Em um grande caldeirão de semente, águas de alfazema e pitadas de açúcar que nutrem meu corpo, minha pele, meu amago.

Nesse fogo eterno que me consome, me destroça por dentro e quebra dentro de mim todas as carapaças que fui vestindo no decorrer de anos, inúmeras dúvidas abrigam  puras certezas, minhas incontáveis vozes, dormindo caladas entre escombros de um edifício chamado: Verdade.

A minha verdade não é necessariamente a tua escolha e minhas dúvidas não te abraçam o ser, portanto não negue a vida que te trouxe até aqui.

Não duvide do poder de um coração repleto de lirismo, de doçura, de amor e de absurda fé.

A fé que me move é a mesma força de vontade que me faz caminhar pelas veredas da Educação, um timoneiro sendo guiado por minhas mãos.

Ergui minhas velas brancas e gritei: “ Avante, marinheiro!”

Logo à frente tem um farol e por ele consigo vislumbrar a praia, que de longe se faz de Cais, lá existe um ser, acenando com um lenço branco, me dizendo volta, volta.

Olho silenciosa, abro uma garrafa de rum e beberico no gargalo, brindando ao barulho que as ondas fazem ao bater no casco do meu barco.

É tanto vento e tanta chuva que mesmo molhada, com frio, cansada, ainda sorrio.


Ê, Mãe do Mar, sou uma simples Capitã deste imenso barco que por horas parece pequeno e por outras vezes se mostra como um grande navio negreiro cheio de sonhos enjaulados dentro de si, para ecoar em um grito de dor e lamento, nas galeras de meu corpo, aportaram o chicote e a chibata, o canto vem de longe, de Luanda, de Angola, da África que se faz em minha fibra mais densa, sou uma corda, amarrada a um porão velho, entre solavancos de dor e açoites de injúrias sigo, sou negra, sou mestiça, sou indígena, sou mulher.

Calada nunca, sofrida algumas vezes sim, mas em nada meu cais se perde, em nada meu fogo interno se apaga.

Sou o silêncio de uma anca, sou o fogo de uma certeza, sou a renda de uma fábula, sou a mão pintada de vermelho, as meias de cetim, o espartilho jogado no baú de delírios, sou a noite mais densa e profunda, sou a lágrima escorrida entre meus olhos e os cílios que se grudam de tanta maquiagem.

Sou o beijo do carmim que deixei entre seu colarinho e seu pescoço, sou o perfume barato que insiste em abrigar tuas narinas, sou o abraço de ondas feitas de desejo que a tua alma negou, sou ela a te visitar – Yemanjá.

Dona de todas as cabeças, senhora de toda a Criação.

Eu sou.

Eu fui.

Eu serei.

Onda.

Marola.

Ventania.

Mar.

 

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo.

23/05/2020

19:21

 

 


Nenhum comentário: