CIA AVALON

domingo, 13 de setembro de 2020

ESCREVA


Quando penso nas manhãs de sábado, dou risada das mais loucas tentativas de dizer.

Quando penso na saudade dolorida que sinto das deliciosas manhãs de sábado, penso em chorar.

E choro.

Você cavou fundo uma cova em mim

Você cavou fundo uma cova dentro de mim

Você cravou fundo uma estaca em meu coração

Conseguiu matar a doçura de um bem querer e transformar em amargura, em tristeza, em lamento, um desfecho triste, pesaroso e pouco digno do que eu sou.

Enquanto estive olhando para o infinito mar de alegrias, tuas risadas de sarcasmo e desdém foram poluindo meu límpido mar, nas tessituras de uma alma romântica e sonhadora, havia amor, clareza e bondade, aos poucos fui rompendo a casca de ovo que fui gerando em torno de ti, e as máscaras foram rompendo o ideal de que o humano que te habita seria generoso comigo, as circunstância foram encaixando os tempos e num acaso que em nada foi satisfatório, os dias se transformaram em uma ampulheta, marcando o tempo.

O tempo

Esse gotejar de dias, de horas, de minutos, de segundos, um arrastar de sensações, de percepções, de aprendizados que vão se acumulando, aos poucos efetivar a lei do vácuo é esvaziar-se dos lixos mentais que vamos guardando como carta coringa para então em um momento de desequilíbrio jogar no universo tudo o que vamos deixando criar mofo dentro de nosso corpo.

O Corpo

Corpo que é resultado do que pensamos, corpo que se mostra nos detalhes do movimento, o corpo é um falador de nossas emoções, as paredes internas do que ingerimos, do que vamos consumindo, do que vamos sentindo e criando geram padrões pensamentos que se organizam para determinar o que somos.

A única experiência que ressalto de todos esses relacionamentos que foi elencando é a vivência que isso gera, elos amorosos, elos afetivos, elos espirituais, corrente de vida que se conectam pelo objetivo de vida, defender um conjunto de ideais faz dos grupos um real encontro.

As pessoas se irmanam através do que acreditam, em âmbitos profissionais, espirituais, religiosos e amorosos, as diversas pessoas que vamos conhecendo nos dão a certeza de que com alguns temos afinidades, de pensamentos, de atos, de ideologias, em outros casos temos a real noção de antagonistas, seres que entram em nossa vida somente para que aprendamos algo com elas e simplesmente se tornam indignos até mesmo da lembrança.

Só existe memória afetiva para aqueles que tiveram uma importância significativa, quem não soma deve sumir em todos os âmbitos.

Vampiros de vida são assim, não costuma trazer nada que se aproveite para a realidade, buscam nas satisfações do gozo existencial rir e diminuir a importância da cronologia das relações.

Um relação que perdure por mais de uma década deve ter sempre o respeito, amar alguém no passado, perdoar e ainda assim mantê-la viva em nossa alma diz muito do amar que norteia os desejos.

O ato de amar vai além das relações cotidianas, amamos por desejo forte de superar o mundano, amamos pois fomos catequizados para amar, para perdoar e acima de tudo aceitar.

Amamos pois amar é o que nos foi ensinado, que acima de tudo devemos considerar o outro mais importante que nós mesmo, se te ferirem ofereça a outra face, balela.

Quem quer ser ferido, usado, descartado fica nessa falsa modéstia do que isso caracteriza como caridade, não costumo quantificar o amor, mas a ofensa da maioria das pessoas está nesse pensamento católico-cristão de que temos a obrigação de aturar a falta de respeito do outro.

Não aceito a verdade do outro, assim como não faço questão de ser verdade e nem razão para ninguém, o que professo como experiência de vida serve de base empírica para a minha evolução.

Costumo dizer que sou responsável pelo que digo não pelo que você que me lê consegue compreender, a inteligência mediana das pessoas que não estão acostumadas a escrever geralmente gira em torno da dificuldade em processar seu pensamento em palavras, as pessoas tem essa mania de conseguir verbalizar, de oralizar, mas ao tentar expor isso em palavras textuais ficam em algo que categorizo como: achismo.

Eu acho que, eu penso que, eu ? Eu afirmo, escrever não é fácil, expor o que se pensa com simplicidade, clareza, coesão, vai tempo, demanda exercício, curso, leitura, aprendizado, não basta querer escrever - é preciso ter essa predisposição inata. 

Simples.

Antes de querer dizer que sabe, ESCREVA.


Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

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