CIA AVALON

terça-feira, 25 de janeiro de 2011


Seu sonho era ser ator, um grande ator, natural de Pernambuco, José tinha nascido em uma família pobre e migrara para São Paulo quando era adolescente, já trabalhara de tudo: pedreiro, ajudante de pedreiro, entregador de pizza, garçom e atualmente trabalhava todos os dias em uma padaria de pães finos. Morava na zona sul de São Paulo, numa região distante do centro, namorador, era pai de 3 crianças, mas não era casado e o detalhe significativo, cada filho tinha uma mãe diferente. Assim era José e seu grande sonho, o de ser um ator e viver de arte.
Trabalhava o dia todo e à noite atravessava a cidade para fazer  o curso de Teatro profissionalizante, pois amava atuar, mas era tímido e não gostava de tirar retrato, como ele mesmo dizia. Certa vez, enquanto conversávamos sobre o desfecho de uma cena, perguntei a ele se gostava de ler, ao passo que me respondeu honestamente: não, não curto muito. Olhei em seus olhos e várias coisas passaram em minha mente, mas resolvi me calar, aquele homem calejado pela vida, já era por demais açoitado pelo destino, para ter mais uma reprimenda minha. Num dia de ensaio qualquer, chegou todo afoito e feliz, dizendo  alegre que havia saído da padaria e que agora seria taxista. Fiquei atônita, mas feliz com sua decisão, pois se fosse melhor para ele, estaria contente e sugeri que comemorássemos.
Continuei mais alguns meses ensaiando com José e conheci sua maneira peculiar de amar as artes, em cena era companheiro e do tipo que topava tudo a todo instante.
Ensaiamos durantes 4 meses e no final deste período apresentamos o fruto de nosso trabalho, e pude ver no canto dos olhos de José uma lágrima furtiva que teimava em rolar em sua face, ao lhe dizer que não continuaria a ensaiar, que   seguiria com outros projetos. E em nossa estréia, realizamos da melhor forma a peça que criamos, ensaiamos e encenamos.
Torço por José, um homem de bem que sonha com a fama e o estrelato. Muita merda pra ti, meu amigo. Sucesso. 

Um comentário:

Jens disse...

Se é José, é bom...