CIA AVALON

sábado, 18 de setembro de 2010

Uma metade sou eu - outra inventei - as duas se mesclam - no nascimento de mim mesmo.

José tem 55 anos, é pedreiro e tem um segredo. Todos os dias trabalha de sol a sol, construindo casas, edifícios, consertando paredes, rebocando com cimento e sua pá.
Ao final do dia volta pra sua casa, arrumada, bem cuidada e a primeira coisa que faz é tirar seu uniforme, veste uma linda camisola de seda, prepara seu drink ( Martini ) , coloca um velho som para tocar e saí a bailar por sua sala. Seus vizinhos,  não conhecem esse lado de José, tão pouco sonham que sua alma é mais feminina que muitas mulheres por aí.
Ele teme a chegada da idade, pois seus vestidos não estarão de acordo com sua aparência, entretanto quando sobe ao palco do teatro se encontra verdadeiramente com sua essência, sua veia artística, com o  “eu”  que grita forte dentro do peito.
E feliz com sua realização feminina, se olha no espelho amando verdadeiramente aquela mulher de face enrugada e que tem em seus olhos o espelho do mundo que o rejeita, que lhe obriga a ser assim: metade homem – metade mulher.


( uma homenagem a todos os homens que se vestem de mulher ) 


Priscila Jerônimo 

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