CIA AVALON

domingo, 24 de outubro de 2021

ANO DE 2021 - PANDÊMIA E SUÍCIDIO




As temáticas que envolvem causas sociais são sempre um bom motivo para levar um tema às salas de aula.

Ano de 2021 em tempos de violência, uma doença mundial ainda nos assombra, nos intimida e nos limita em termos reais, estamos isolados do contato físico de outrora, já não temos mais a mesma liberdade de dois anos atrás.

Aulas no ano de 2021 se resume entre: presenciais e remotas (virtuais).

O trabalho do docente de Escola Pública no Brasil passa por uma nova formatação dentro do eixo tecnológico.

A forma com o qual estávamos acostumados a lidar com o ensino-aprendizagem em tempos atuais tem se transformado em um novo olhar à cerca da importância da presença física do velho educador(a).

A moralidade que impera o País é um ranço antigo, uma sociedade amoral pregando valores baseados em uma postura de militarização ao custeio do trabalhador.

Cortaram os acessos à festas, bailes, carnavais, sambas e trancaram o Capital nas veias inchadas de vacinas.

Nos Vacinaram e nos Vaticinaram, calabouços de experimento de um Governo que nos testa a paciência, a tolerância, a capacidade de se expressar diante de tantas incongruências, ouço os clamores do povo que em estado de miséria já vivia, as máscaras que se vendem por cinco reais cada não dá o devido respeito ao Vírus.

Afinal de contas esse Vírus agiu de uma forma certeira, atingiu a Meta: CÊ - PENSOU - FIO (A) ? Cancelaram sua Bolsa Preguiça ? Cancelaram sua Bolsa Favela ? Cancelaram seus direitos ?

Que estranho Brasileiro(a) nas eleições os Feirantes gritavam extasiados: Olha a Bolsa do Jair! Viva o Jair Post Pauros.

E eu, tomando minha cafeína estava e meu Pastel de Bacalhau até chorava e eu : Estupefata. Gritei também: Aos Porcos, Tudo!

E rezava a Lenda que a Revolução era dos Bichos, equivocados estavam, a Revolução foi do Pífe e do Pafe, nessa leva foi Maos - Tsá-Tsung - Era suco de tang.

Tome ironia.
Pensemos.


Autora: Priscila de Fátima Jerônimo


 

sábado, 21 de agosto de 2021

AGOSTO LILÁS - DENUNCIE 180

 







Mês de Agosto - Agosto Lilás
Autora: Priscila de Fátima Jerônimo



A violência contra as mulheres é a temática educacional do mês vigente, nas Escolas estamos sempre buscando a primazia no ato educacional, elucidamos, informamos e conduzimos o educando(a) ao ato de pesquisa autoral.

Em pesquisas junto ao Grupo de Mulheres que trabalham em escolas em diversos âmbitos, percebi que o ranço da mulher que se deixa explorar por motivos díspares são inúmeros.

Mulheres que se posicionam contra o Machismo se vêem frente à um novo desmonte, o famoso: Cale-se!

O cálice de injúrias, de ofensas e de violências físicas que vamos encontrando nos diversos relatos de mães, filhas, avós, tias vão se avolumando nos contingentes e demandas de cunho educacional.

Diariamente relatos que vamos lendo nos noticiários, nas rodas de conversas em coletivos, nos casos de dificuldade de aprendizado nos mostra que a violência tem se tornado uma tendência ao ostracismo.

Relatos mostram que crianças desde a mais tenra infância enfrentam a violência diária com o apoio das Unidades Educacionais.

A Escola Brasileira em âmbito público é uma entidade destinada a estudar, a quantificar e encaminhar casos de violações de direitos humanos aos órgãos competentes.

Nos dois últimos anos temos enfrentado dentro de Unidades Escolares a pandemia, unindo sabedoria escolar à um contigente de apoio da área de Saúde, profissionais que se tornaram parceiro para que o enfrentamento da doença não nos ceife.




EMEF GENERAL OSÓRIO

NOME: MARINA DE SOUSA BRAGA

SÉRIE: 9º ANO B - DATA: 25/08/2021

Disciplina: Artes – Profª Priscila Jerônimo

 

AGOSTO LILÁS – TRABALHO REFLEXIVO

 

Para você o que é violência contra as mulheres?

Resposta: Para mim a violência contra as mulheres é quando elas são agredidas pelo marido. Algumas não tem coragem de denunciar por medo e fica sendo agredida por bastante tempo. Tem homens que bate e depois volta falando que se “arrependeu” e quando a mulher acredita,  ele faz de novo, alguns homens não deixam a mulher nem sair de casa, para não contar as agressões, ou as deixam sem celular. Na maioria das vezes acontecem até chantagem e ameaças caso a mulher conte e por muitas vezes a mulher esconde as hematomas por medo do homem fazer algo pior. Muitas mulheres que sofrem esses tipos de agressão começam a ter problemas psicológicos, como: depressão, crise de ansiedade, síndrome do pânico, insônia, entre outros... e algumas mulheres não conseguem sair disso.

 


 NOME: KAUÃ DE SOUSA LIMA

SÉRIE: 9º ANO B - DATA: 25/08/2021

Disciplina: Artes – Profª Priscila Jerônimo

 

AGOSTO LILÁS – TRABALHO REFLEXIVO

 

Para você o que é violência contra as mulheres?

Resposta: Violência contra a mulher é qualquer tipo de violência, seja ela física, verbal ou psicológica. Quase sempre vemos no jornal, casos de violência doméstica ou em relacionamentos e ex-relacionamentos mas a maior parte dos casos sempre são contra as mulheres.

Três a cada cinco pessoas já relataram presenciar algum tipo de violência doméstica, seja em casa, com parentes ou entre vizinhos. Por isso ao presenciar casos de violência ligue no Disque Denúncia: 180.

 


NOME: RAYSSA RANIELLY SILVA SANTOS

SÉRIE: 9º ANO B - DATA: 25/08/2021

Disciplina: Artes – Profª Priscila Jerônimo

 

AGOSTO LILÁS – TRABALHO REFLEXIVO

 

Para você o que é violência contra as mulheres?

Resposta: É quando o marido começa a bater na esposa, por causa que ela não consegue fazer as coisas que o marido pede direito e ele quer do jeito dele, na hora dele. Eles também ameaçam,   a não falar pra ninguém, nem pra família.

Elas podem contar o que está passando dentro de casa e assim mesmo se contar já sabe o que acontece. Tem várias mulheres que conseguem ligar para a polícia, só que elas fingem que estão pedindo “lanche”, só que é um pedido de socorro, uma forma de ajuda.



 NOME: THAYLA ISABELLY VIEIRA RODRIGUES

SÉRIE: 9º ANO B - DATA: 25/08/2021

Disciplina: Artes – Profª Priscila Jerônimo

 

AGOSTO LILÁS – TRABALHO REFLEXIVO

 

Para você o que é violência contra as mulheres?

Resposta: Violência contra as mulheres é quando um homem agride uma mulher de uma má forma.

Por exemplo: dar soco, chute, tapa e etc.

Os homens agridem tanto as mulheres, que tem mulheres que ficam com medo de denunciar por causa das ameaças de morte.

 


 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

AS DIFICULDADES DO ROMANCE EM TEMPOS DE PANDEMIA

 


 

As dificuldades do romance em tempos de Pandemia

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

Essa semana ao beijar meu namorado com uma máscara no rosto, tive a sensação triste e ao mesmo tempo risonha do amor que devemos nutrir dentro de nossa vida cotidiana.

Andar de mãos dadas na rua, olhar nos olhos, jantar e comungar de um princípio de amor em tempos de ódio, me fizeram acreditar que é possível exercer o amor mesmo diante das inúmeras faces cobertas por panos.

Não poder abraçar, não poder encontrar, não poder dizer presencialmente me dizem por dois anos o quão afetuosos somos.

Um país que é o afago em forma de humanidade, que se faz de carinho no riso, no samba, no afeto dos tambores que entrelaçados de fé se auto proclamam como um grito: Liberdade.

Libertem nossas almas de tanta carência, libertem nosso choro diante da impotência de não poder velar os nossos negros mortos no dia a dia dos genocidas.

Libertem nossos urros de ódio frente ao desmando, frente a fome, libertem Mandela que mora em alguma alma negra, nativa, dessas mentes jovens que cantam em saraus, que declamam como “loucos” em periferia dispares.

Libertem o nosso maior sonho: Voltar nossos batuques, voltar nossos atabaques, nossas festas de Umbigada, nossas rodas de Capoeira, nossas Rodas de Fogueira ao pé de nossos Ilês.

Por um ano em que nossas Mães (Yalôs) possam novamente se paramentar e sair de cabeça erguida com seus filhos no colo, amamentando um futuro quiçá distante mas alimentado no fogo do que Exú é.

O ano de 2021 é regido pelo Trono da Fé, que na Umbanda é definido como Oxalá e Logunan, A fé que norteia a busca pelo conhecimento é a mesma energia que o atemporal executa.

Neste ano a busca deve primar por manter-se fiel ao princípios do que nossos Deuses ditam, somos seres que buscam a comunhão com a Energia do Sagrado, vivemos em tempos sombrio onde o pior do humano se manifesta na intolerância, na discórdia e principalmente no manchar do sangue dos nossos negros e indígenas.

Se pautarmos nossa existência pela propagação do ódio e mantivermos nosso campo mental focado nessa dissonante nota, não chegaremos ao término deste tempo pandêmico vivos.

Seremos somente corpos vazios, desprovidos do que Oxalá nos ensina: Concórdia, paz e acima de tudo respeito.

O respeito as nossas guias, as nossas tradições e que esse tempo de nos limitar na ação de nossos terreiros seja somente um momento de reflexão de novas formas para vivermos condignamente nossa religião: Umbanda e Candomblé.

 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

O amor e os boletos

 




Quando o amor romântico atinge o pico da ideologia, o homem e a mulher se comprazem com relacionamentos dourados de falsa impressão de felicidade.

Os risos cheios de cumplicidade são mascarados pelo desejo de um latente relacionamento carnal, o que dantes era uma paixão, transforma-se  em recompensas diárias na espera por um sexo que satisfaça o ego em riste.

O corpo da fêmea fica na dependência química da testosterona no corpo do macho-alfa que a blinda diariamente com afagos e melindres do típico casamento “pseudo” moderninho.

O estado que elenca o relacionar-se como uma fábrica de afetos conquistados mediante a troca.
A cumplicidade gira em torno do sexo com ou sem sentido, o casamento como empresa é algo lucrativo.

A fêmea-esposa provém o andamento do lar como gestão da economia doméstica, assume o papel de “a Patroa”, ironicamente o macho-Pilantra se auto-intitula de “ Corno-Sentimental”, as risadas no canto murcho da boca se contraem com os papéis chamado de : “Boleto”.

Segue o colóquio do Casal Afetinho

Ele: - Patroa, o rango ta pronto?

Ela: - Não, inergumeno.

Ele: Oxe, tá de Chico é ?

Ela: Não, jumento, to de mau humor, pega o telefone e pede: I FODA.

O homem machucadinho se vê as voltas com vários “folder´s” de comida delivery e olha em volta de sua casa, roupas espalhadas, casa desarrumada, a esposa trancada no quarto trabalhando e o belo exemplar de homem ali diante do que é a realidade de um casamento ou uma simples empresa onde o sexo não é mais com sentido, é com taxas e juros.

Ali quotas de amor...

A vida como ela é... Nelson, Nelson.

 

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

 

 

 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

AS ESCADARIAS DE MARIELLE FRANCO.


 


Projeto Grafite: As Escadarias de Marielle Franco.
Num ano como este, 2021 motivos para homenagear mulheres grandiosas, mulheres que nos trazem em sua experiência de vida, como agentes transformadoras de uma existência, mulheres guerreiras que não se permitiram abaixar seu Ori e ergueram o punho em defesa de muitos, em defesa de todos.
A pergunta não se calará jamais: " Quem Matou Marielle Franco? "
Registro da Rua Cardeal Arco-Verde - Cidade de São Paulo - Estado de SP - Brasil.
Imagens captadas por mim:
Priscila Jeronimo

CORPORALIDADE E CORPOREIDADE


 

ESCRITA E ARTE


 

terça-feira, 16 de março de 2021

AULA SOBRE POESIA MARGINAL - POW LITERA RUA

 



Depois dessa aula, tivemos como resposta de um aluno o desenho dele falando sobre o que significa o Universo Hip Hop.






 

segunda-feira, 15 de março de 2021

BUGADOS NO GLICÉRIO

 




Curta Metragem dirigido por Marco Ribeiro e Rose Almeida.
Brasil. São Paulo. 2018 Um grupo de adolescentes do Baixo Glicério povoam encontros com histórias de suas vidas pelo bairro. Os muros grafitados, espigões que não param de subir, casas antigas coloridas, becos e escadas são o pano de fundo de um cotidiano recheado de dramas: racismo, preconceitos, não aceitação de diversidades e de festa. E eles vão fazer a festa do ano, a festa que levarão para o resto de suas vidas...


terça-feira, 9 de março de 2021

O CAMINHO DO AMOR

 O Caminho do Amor...

O ventre que pariu a essência mítica do que eu sou, não compactua com a violência, com o descaso social, não violento almas, corpos e muito menos vivifico a maldade.
Em vida plantei sementes, em morte edifiquei pessoas, sou verdadeiramente um Guia de Luz, evangelizo sempre as almas que no pretérito por inúmeras circunstâncias levei as raias da loucura.
Em vida fui um artista, na erraticidade procurei reparar meus erros perante a humanidade.
Assim como todo Espírito de Luz, hoje busco o resgate cármico com as almas daqueles velhos do antigo teatro, educo meus pupilos de uma maneira sutil, leve e doce.
Nunca em hipótese nenhuma ergo minha mão ou desfiro um golpe mortal em um inimigo, mas em verdade sou realmente aquele que no passado viveu em Tavernas, com prostitutas e ladrões, roguei pragas nos antigos reis, ri muito daqueles bandidos do Governo, fiz inúmeros inimigos no decorrer das eras, se posso educar hoje em suma sou isto: Um Educador.
Ensino à todos aqueles que de minha Egregora se aproximam à buscar-se em Espírito e Em verdade, admiro os estudantes que buscam na Arte a essência Primeva de que tanto falo em meus livros.
Amo os estudantes que se apaixonam pelo saber e que nessa busca infinita, se comprazem com os estudos e dele fazem morada.
Admiro a Juventude Transviada, a loucura e o frenesi, que a poesia, que o lirismo e a pratica da Oração propiciam.
Busquem-se sempre, pratiquem esporte, lutem, orem, meditem e acima de tudo valorizem o próprio corpo.
O Corpo que se faz de instrumento de aprendizado, de cura e acima de tudo de corpo-história, corpo-memória, corpo-afetivo e corpo-transpessoal que em suma é a Busca.
Conheça-te a ti mesmo e nessa busca interminável aceitem-se como alma encarnada que se faz de luz e graça.
Bençãos sobre a Humanidade.
O Conde.
09/03/2020
Horário: 00:02

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

2021 MOTIVOS PARA PENSAR O FEMININO

 


O tempo vai se perder entre as suas dúvidas e as mais doidivanas certezas, não ter respostas para perguntas simples me faz não verbalizar o que penso .

Refletir sobre o que penso e sinto é um ato contínuo de existência, um gotejar de sinapses que se distorcem entre sentir, equacionar e raciocinar sobre todo esse contingente de situações.

Entender-se é um ato de pertencer, se penso no que crio, no que vou professando como premissa de vida, exerço o direito de ser uma mulher questionadora.

A mesmice dos dias, das relações, das inúmeras maneiras que as mulheres são vistas dentro dos contextos sócio econômicos me faz de tristes constatações.

O capital que é gerado por um corpo feminino, nascido feminino, com as aspirações de uma maternidade, de um tempo em que não havia a espera por outra situação que não fosse: azul ou rosa.

No ano de 2021 as formas humanas que se expressam no mundo primam por realização, por satisfação do prazer, das necessidades que satisfaçam o ego.

Sexo frágil, sexo infantilizado, corpo feminino reduzido ao machismo, ao corpo que tomba frente o cansaço da luta por direitos conquistados mas ainda questionados.

Revolução feminina é balela de se ler, entre solavancos de dor, de descaso, de violências diárias, dessas miúdas que vamos nos acostumando a ouvir, a silenciar e em muitos momentos acabamos por achar normal, é a vida, somos mulheres.

Servilismo, submissão, posturas indignas de tantas mentes femininas que se posicionam diariamente como trabalhadoras, como senhoras de um tempo chamado dinheiro.

Recebemos esmola, ganhamos recompensas desde a infância, nos enfraquecem reduzindo nossos corpos a meros objetos de distração, de beleza, de ter que...

Temos o quê?

Temos que fazer?

Temos que agradar?

Temos que ser?

A tua obrigação é a de agradecer por ser mulher, sofrer com dores de cólica, ter que se fantasiar como uma coquete, ter que ser bonita, atraente, sedutora, arrumada, cheirosa, amante, doce, prestativa e no final do dia ainda : agradecer.

Sirva. Seja. Peça. Obedeça.

Assim você será feliz. Será?

 

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

 

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

CALE-SE DIANTE DO CAOS.

 



São Paulo, 08 de Fevereiro de 2021.


O SILÊNCIO ENTRE AS PAREDES DE UM TEMPLO


Autora Priscila de Fatima Jeronimo

Os lamentos que Preto Velho evoca, com sua dança festeira, seu cachimbo cheio de contos, de alegria e sabedoria, nos toca como o som que as mãos tão calejadas por um tempo de lágrimas vai se desaguando em uma cachoeira de amor.

O tempo da despedida, entre escombros de muitos tijolos, entre marretadas, os sonhos vão se descortinando entre risadas, cânticos, preces, velas, o fechamento de um Templo, de um Terreiro, de uma Casa Kardecista, tem me mostrado o quão desigual é esse mundo.

Em uma praça próximo ao bairro onde moro, sempre encontro estátuas que vão sendo entregues ao tempo, vejo Santos, imagens, terços, restos de uma fé que ao ser abordada pelo aspecto financeiro foi sendo o sabor amargo do despejo.

Em cada fim de história há um desfecho que em muitas visões são o fruto da contemporaniedade, o mercantilismo que onera os bolsos do adepto da Umbanda e do Candomblé, reduz a senzala a pobreza, ao povo de Santo cabe sempre o quarto de despejo que Maria Carolina de Jesus já dizia em seu diário.

A vela que hoje é desprezada, no passado foi o motivo e a causa de muitas curas, o cachimbo que hoje é razão de repreensão já foi benção nas mãos de uma Negra Nagô, o marafo tantas vezes chamado de alcolismo já embriagou e levou demandas de corpos que acreditaram e por este motivo sabem o valor deste elemento.

O valor monetário é um dos fatores que sempre é elencado como motivo de ironia entre os adeptos da Umbanda e do Candomblé, em nossa religião, sempre temos esse ranço - a obrigação de servir e ainda se mostrar grato por esta "oportunidade", a senzala se mostra neste termos que essa Sociedade branca vai moldando os motivos de tanta ironia.

Quando Cristo esteve  neste Planeta, em suas falas que se tornaram motivo de fomentação de um novo olhar, o humano encarava aquele ser, como um desordeiro que vivia ébrio e andava com alguns pescadores pobres e cheio de ignorância, entre a desigualdade de valores que os Comerciantes ostentavam, os miseravéis lambiam a fome de uma Ave que não fosse romana.

As portas se fecham em um claro movimento de repressão em que tudo o que for gerado como um movimento de preservação de uma cultura gerada por anos de resistência, por um legado em que os tambores sejam motivo de festa e de alegria, entre o rasgar do tambor, o silenciar da música, o calar das Mães de Santo se faz de lamento.

Em um movimento de buscar novas formas de manter acessa a fé, a Umbanda e o Candomblé começaram a encontrar maneiras mais tecnologicas para prosseguir diante dos novos ditames desse ano de 2020.2021.

Em cada Axé que o capital foi fechando, finalizando, modificando, em um tempo espaço de afeto e memória desestruturando todo a comunidade do entorno, onde havia um espaço de busca espiritual, de formação política, de formação feminista, restou um vácuo, um vazio.

A Deusa do silêncio se faz de um grito emudecido, uma mordaça que a sociedade foi tecendo em torno do Sagrado, uma venda colocada de propósito enaltecendo o patriarcal como estrutura de um cifrão qualquer.

Venderam nossos tambores e não nos pagaram, nos deram o calote no cale-se quem puder.

Brasil. 







quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Desdém


Um desdém brota de meu peito como uma fenda que sangra, por onde passa destilo essa dor, num eterno lamento, em uma confusão que ainda demoro a digerir.

O amor é um sopro de um desejo que incendeia o corpo e enlouquece o querer, almejar um ser humano como um doce, uma satisfação para o ego.

É egoísmo desejar algo como quem deseja água para matar a sede, é insano o desejo aguado, reprisado, ressequido, preterido, indesejado, amaldiçoado, ridicularizado, jocoso, desdenhoso, é puro desequilíbrio, mas é.

Tem sentimentos que não temos como mensurar, como medir em uma métrica o farfalhar de um coração apaixonado ?

Como perdoar o que nos foi tirado como mulher ?

Como perdoar o desdém e o sarcasmo que um homem direciona ao querer de uma alma feminina ?

Como perdoar?

Como deixar que o tempo cure se a ferida se abre a cada dia como uma chaga pulsando sangue, pus e dor ?

O cérebro racional diz: eu perdoou, mas o corpo diz: não, eu não perdoou, meu corpo sentiu, meu coração acelerou, minha boca ressecada ficou, meus hormônios acordaram, minha pupila dilatou, todos as sinapses do meu corpo, mas as dicotomias de dentro de minha psiquê se revoltaram em uma corrida contra o tempo, uma louca e desenfreada busca por um sorriso, um respeito, um aceno, um pedido de desculpas, mas não.

A capa de bondade para mim é puro teatro, a aura de humildade, de doçura, de superioridade intelectual, de supremacia entre os jocosos movimentos da realidade me mostram a real: um simples cifrão e a nota seria outra.

E eu? Vou somando em meu caldeirão, fervendo minha mágoa, minha dor de cotovelo, minha insanidade, minha imaturidade e aceno para a minha incapacidade de lidar com meus próprios medos, minhas inseguranças que vão crescendo com o passar do tempo.

Descascando minhas neuras, minhas incertezas e meus mais pesados sentimentos, o ato de dizer me consola e minha pena vai tecendo um bordado de dor, de sofrimento e de traumas.

Cansada de dizer e não ser ouvida, cansada de amar e não ser correspondida, a idade vai trazendo a maturidade de um corpo que chora, que lamenta e que canta.

Enquanto o tempo vai maturando minhas dores, o sal vai lambendo minha pele, minhas células, minha alma.

E assim sigo.

Autora: Priscila de Fátima Jerônimo



domingo, 13 de setembro de 2020

ESCREVA


Quando penso nas manhãs de sábado, dou risada das mais loucas tentativas de dizer.

Quando penso na saudade dolorida que sinto das deliciosas manhãs de sábado, penso em chorar.

E choro.

Você cavou fundo uma cova em mim

Você cavou fundo uma cova dentro de mim

Você cravou fundo uma estaca em meu coração

Conseguiu matar a doçura de um bem querer e transformar em amargura, em tristeza, em lamento, um desfecho triste, pesaroso e pouco digno do que eu sou.

Enquanto estive olhando para o infinito mar de alegrias, tuas risadas de sarcasmo e desdém foram poluindo meu límpido mar, nas tessituras de uma alma romântica e sonhadora, havia amor, clareza e bondade, aos poucos fui rompendo a casca de ovo que fui gerando em torno de ti, e as máscaras foram rompendo o ideal de que o humano que te habita seria generoso comigo, as circunstância foram encaixando os tempos e num acaso que em nada foi satisfatório, os dias se transformaram em uma ampulheta, marcando o tempo.

O tempo

Esse gotejar de dias, de horas, de minutos, de segundos, um arrastar de sensações, de percepções, de aprendizados que vão se acumulando, aos poucos efetivar a lei do vácuo é esvaziar-se dos lixos mentais que vamos guardando como carta coringa para então em um momento de desequilíbrio jogar no universo tudo o que vamos deixando criar mofo dentro de nosso corpo.

O Corpo

Corpo que é resultado do que pensamos, corpo que se mostra nos detalhes do movimento, o corpo é um falador de nossas emoções, as paredes internas do que ingerimos, do que vamos consumindo, do que vamos sentindo e criando geram padrões pensamentos que se organizam para determinar o que somos.

A única experiência que ressalto de todos esses relacionamentos que foi elencando é a vivência que isso gera, elos amorosos, elos afetivos, elos espirituais, corrente de vida que se conectam pelo objetivo de vida, defender um conjunto de ideais faz dos grupos um real encontro.

As pessoas se irmanam através do que acreditam, em âmbitos profissionais, espirituais, religiosos e amorosos, as diversas pessoas que vamos conhecendo nos dão a certeza de que com alguns temos afinidades, de pensamentos, de atos, de ideologias, em outros casos temos a real noção de antagonistas, seres que entram em nossa vida somente para que aprendamos algo com elas e simplesmente se tornam indignos até mesmo da lembrança.

Só existe memória afetiva para aqueles que tiveram uma importância significativa, quem não soma deve sumir em todos os âmbitos.

Vampiros de vida são assim, não costuma trazer nada que se aproveite para a realidade, buscam nas satisfações do gozo existencial rir e diminuir a importância da cronologia das relações.

Um relação que perdure por mais de uma década deve ter sempre o respeito, amar alguém no passado, perdoar e ainda assim mantê-la viva em nossa alma diz muito do amar que norteia os desejos.

O ato de amar vai além das relações cotidianas, amamos por desejo forte de superar o mundano, amamos pois fomos catequizados para amar, para perdoar e acima de tudo aceitar.

Amamos pois amar é o que nos foi ensinado, que acima de tudo devemos considerar o outro mais importante que nós mesmo, se te ferirem ofereça a outra face, balela.

Quem quer ser ferido, usado, descartado fica nessa falsa modéstia do que isso caracteriza como caridade, não costumo quantificar o amor, mas a ofensa da maioria das pessoas está nesse pensamento católico-cristão de que temos a obrigação de aturar a falta de respeito do outro.

Não aceito a verdade do outro, assim como não faço questão de ser verdade e nem razão para ninguém, o que professo como experiência de vida serve de base empírica para a minha evolução.

Costumo dizer que sou responsável pelo que digo não pelo que você que me lê consegue compreender, a inteligência mediana das pessoas que não estão acostumadas a escrever geralmente gira em torno da dificuldade em processar seu pensamento em palavras, as pessoas tem essa mania de conseguir verbalizar, de oralizar, mas ao tentar expor isso em palavras textuais ficam em algo que categorizo como: achismo.

Eu acho que, eu penso que, eu ? Eu afirmo, escrever não é fácil, expor o que se pensa com simplicidade, clareza, coesão, vai tempo, demanda exercício, curso, leitura, aprendizado, não basta querer escrever - é preciso ter essa predisposição inata. 

Simples.

Antes de querer dizer que sabe, ESCREVA.


Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

sábado, 12 de setembro de 2020

A VAIDADE E A VERDADE

 




Autora: Priscila de Fátima Jerônimo

Sobre os pequenos manuais de felicidades vendidos à preço justo e adequado, neste pequeno caminho em que doses de doçura são vendidos em potes de gente, não aceito esses pequenos detalhes que a vida impõe.

Amadurecer traz um novo paradigma: a velhice.

Não doí ter rugas e ou a pele envelhecida, não. Doí não ter mais as ilusões da juventude e ou a pureza de um olhar infantil, a maturidade chega com o coice de um burro e lá se vão os sorrisos inocentes e os olhares encantadores, chega-se a uma sensação estranha: a amargura.

Nem que a risada seja a mais pueril e o pulo o mais inocente, de repente de dentro de você, surge uma velha risada com aquele sarcasmo típico dos idosos: você está velha.

Escancaradamente as risadas dos jovens já se anunciam no pulo sem noção, nas cervejas, nas inocentes piadas que riem enquanto passamos: lá vai a velha.

Eu aceitei tranquilamente ser chamada de : Senhora.

Pensei milhões de vezes que envelhecer seria doloroso, que teria crises de meia idade, que seria um martírio, que as rugas, o "crec-crec" dos ossos seriam motivo de tristeza e bah, que nada.

Amo envelhecer e me olhar no espelho e não sentir saudades do que fui, da tola, da romântica, da inocente, da pueril, da imbecil, da maluca, reticências à parte ainda continuo: louca.

Esse delicioso adjetivo: a velha quarentona louca, melhor definição para minhas indagações, fazer quarenta e dois anos me deu uma noção do quão divertido é ser: velha.

Nem tudo no caminho do corpo humano é divertido, o coração já palpita meio cambaleante, as pernas dão um sinal claro de que algo está confuso, já tranço mais minhas canelas, meus dentes são amarelados, me esqueço facilmente do que estou fazendo, sinto faltas absurdas e medos inexistentes, a velhice me trouxe mais coragem, estranho não ?

A estranheza não reside na aceitação e sim na minha tentativa de explicar o processo cronológico que a vaidade vai trilhando, depois de tantos anos buscando ser bela, tendo a necessidade de andar arrumada, maquiada, pronta para seduzir e encantar, fui paulatinamente perdendo esse trejeito feminino. Um processo natural do envelhecer seria a tentativa inútil de anular o tempo, gastando dinheiro com processos de beleza, de retardar o inevitável e inexorável poder da putrefação.

Estado de células que vão morrendo e se apagando dentro do meu corpo, uma pele que recobre um esqueleto que se esmera em barganhar com a epiderme tentando não pinçar a coluna que reclama sem parar do peso da idade.

A naturalidade da beleza é ao meu modo peculiar de ver um deleite, um doce delírio de quem ama ser como se é, gosto de me ver na plenitude da vida, olho para meus olhos e sorrio, olho para minhas rugas e rio delas, penso no meu sexo e barganho com ele, em uma terrível batalha entre ser mulher, ser humano ou simplesmente ser vivo.

Existem poucas situações nesta encarnação que me trazem prazer, uma delas é escrever, esse terrível hábito adquirido em minha juventude me faz ter essa "persona", é gostoso dizer-me: escritora.

O senso comum me dirá, uma escritora fadada ao insucesso, de cá de minha loucura de vaidosa ao extremo grito: Para o inferno com a opinião do outro(a).

Escrever, dizer, contar, pensar, atos que me fazem feliz e quiçá a velha louca que reside em mim nunca me abandone, pois dela residem os mais deliciosos pensamentos.

Amo envelhecer.