A foto não negava, eles estavam juntos e felizes, como num
porta retrato denunciando minha incapacidade de alcançar o objetivo almejado, o
que mais temia aconteceu, ele se apaixonou e não, não foi por mim. Foi por
aquele garoto com a cara cheia de marcas de espinha e sorriso aberto, com alma
de sonho e risada festiva, aquele, aquele guri que mal saiu das fraldas era o
detentor da paixão de quem amo, de quem desejo.
Imaginar a felicidade daquele casal me causava ojeriza e ao mesmo
tempo fascínio, numa dualidade que brigava com minha natureza de mulher, com
meu feitio de fêmea e rindo-se de minha incredulidade causava um certo frisson
no meio de minhas pernas.
Imaginando aqueles dois homens juntos, amando-se, sentindo-se
e sendo prazer e luxúria, gozo e felicidade. E eu? Ali, sentada assistindo tudo
como se fosse uma mera espectadora, daquele amor, daquele coito. E a felicidade
que estampava aqueles rostos, o olhar amoroso que lançava ao imberbe, como se o
amasse mais do que eu tive em todo o meu devaneio. Como agir diante disso ?
Como aceitar que aquele ser não seria nunca meu, por que simplesmente meu corpo
e meu gênero não lhe eram o predileto ? Aquele homem que era feito de matéria
masculina e que me suscitava desejos e vontades, e paixão e amor e loucura, não
tinha um momento sequer de lembrança de que fosse como fosse, o natural seria
ao menos despertar lhe alguma coisa, mas eu era mulher e não era o que ele
gostava ou desejava e queria, infelizmente naquele momento mal disse o meu sexo
e o meu gênero. Queria ser homem, o homem para aquele homem.
O que o amor não nos faz ?
A foto não negava, eles estavam juntos e felizes, como num porta retrato denunciando minha incapacidade de alcançar o objetivo almejado, o que mais temia aconteceu, ele se apaixonou e não, não foi por mim. Foi por aquele garoto com a cara cheia de marcas de espinha e sorriso aberto, com alma de sonho e risada festiva, aquele, aquele guri que mal saiu das fraldas era o detentor da paixão de quem amo, de quem desejo.
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