domingo, 28 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
O QUE O AMOR NÃO NOS FAZ?
A foto não negava, eles estavam juntos e felizes, como num
porta retrato denunciando minha incapacidade de alcançar o objetivo almejado, o
que mais temia aconteceu, ele se apaixonou e não, não foi por mim. Foi por
aquele garoto com a cara cheia de marcas de espinha e sorriso aberto, com alma
de sonho e risada festiva, aquele, aquele guri que mal saiu das fraldas era o
detentor da paixão de quem amo, de quem desejo.
Imaginar a felicidade daquele casal me causava ojeriza e ao mesmo
tempo fascínio, numa dualidade que brigava com minha natureza de mulher, com
meu feitio de fêmea e rindo-se de minha incredulidade causava um certo frisson
no meio de minhas pernas.
Imaginando aqueles dois homens juntos, amando-se, sentindo-se
e sendo prazer e luxúria, gozo e felicidade. E eu? Ali, sentada assistindo tudo
como se fosse uma mera espectadora, daquele amor, daquele coito. E a felicidade
que estampava aqueles rostos, o olhar amoroso que lançava ao imberbe, como se o
amasse mais do que eu tive em todo o meu devaneio. Como agir diante disso ?
Como aceitar que aquele ser não seria nunca meu, por que simplesmente meu corpo
e meu gênero não lhe eram o predileto ? Aquele homem que era feito de matéria
masculina e que me suscitava desejos e vontades, e paixão e amor e loucura, não
tinha um momento sequer de lembrança de que fosse como fosse, o natural seria
ao menos despertar lhe alguma coisa, mas eu era mulher e não era o que ele
gostava ou desejava e queria, infelizmente naquele momento mal disse o meu sexo
e o meu gênero. Queria ser homem, o homem para aquele homem.
O que o amor não nos faz ?
A foto não negava, eles estavam juntos e felizes, como num porta retrato denunciando minha incapacidade de alcançar o objetivo almejado, o que mais temia aconteceu, ele se apaixonou e não, não foi por mim. Foi por aquele garoto com a cara cheia de marcas de espinha e sorriso aberto, com alma de sonho e risada festiva, aquele, aquele guri que mal saiu das fraldas era o detentor da paixão de quem amo, de quem desejo.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Nem sei mais de mim depois que te vi
Nem sei mais de nada depois de ti
Nem sei mais das coisas depois que te ouvi
Nem sei qual o começo e qual será o fim
Nem sei se sou eu ou se é você
Nem sei de mim e nem de ti
Nem sei do tempo
Nem sei das pessoas
Nem sei dos dias que passam
Nem sei se a chuva caí
Nem sei se o sol brilha
Nem sei se é dia ou noite
Nem sei se é principio e fim
Sem você tudo fica confuso
Sem você não há nada
Teve seu olhar confuso
Teve minha inadequação
Teve nosso reencontro
Tudo tão especial
Tudo tão lindo
E que Santo Antônio nos cubra
E no abençoe.
Amém.
Os olhos dele fugiam do meu, olhavam tudo menos para mim, aquilo foi me incomodando de tal forma que resolvi sair da sala, fui até o banheiro e me olhei no espelho, me acalentei com a água fresca, molhei meu rosto, acudi minha alma aflita, disse algumas frases de encorajamento e voltei.
Sentei-me novamente e fiquei de cabeça baixa, anotando tudo, absolutamente tudo, num instante seguinte me peguei rezando, pedindo aos Deuses que tirasse aquela barreira entre nós, que pudéssemos ter paz e tranquilidade. Que pudéssemos enfim passar uma borracha naquele passado escuro que pairava entre nós. Senti meu coração mais leve e aos poucos fui serenando e por contra partida ele começou a me olhar, primeiramente de soslaio e quando cruzava com o meu, desviava, depois com mais coragem já sustentava o olhar, como se o medo estivesse passando e então, tudo voltou a ser como era antes, sem medo, sem dor, sem culpa, voltamos a ser somente o que sempre fomos: um professor e sua aluna. Ali compartilhando do saber, da arte e do conhecimento. E por ali no meio da história, da arte e do teatro a gente encerrou o grande ato. O primeiro de uma peça sem fim.
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