Fez se o silêncio entre nós, roçava calada os dedos magros na xícara branca cheia de café, pensativa, senti que ele me olhava de soslaio, como se disesse em silêncio que o amor tinha ficado guardado em alguma caixa de papelão junto com todas aquelas tralhas no sótão. Disse qualquer coisa e levantei meus olhos em sua direção, um verde musgo aquele olhar, um jeito de me dizer tudo o que queria somente com aquele relance de olhar verde, verde escuro, que tanto amei e que tanto me fez bem. Esqueci a mágoa, passou a raiva, sorri confusa, envolta ainda pela magia do amor de outrora, ele sorriu também, balançando a cabeça lentamente, disse entre dentes: Você fica linda, assim, despenteada. Peguei em suas mãos, estavam gélida, apertei fortemente, me olhou novamente e dessa vez não sorriu, só me encarou por um longo tempo. E calado, veio de encontro a mim, a minha boca se abriu sozinha e senti teus lábios macios brincando entre os meus. Sorri mentalmente, ainda o amava e o café - ah, esse agora tinha outro gosto.
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