CIA AVALON

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Não disse: Bom dia, pela manhã. Acordou apressado, escovou os dentes, vestiu-se, penteou o cabelo e sentou na mesa da cozinha, olhava apressado as notícias no jornal, e ela ? Ela estava ali, presente, fez o café, torrou o pão, preparou o suco de laranja do jeito que ele gostava, mas nem um sinal de agradecimento, nada. Algum tempo que as palavras haviam perdido o som, e a pronúncia mais sonora era um olhar vazio e sem rumo que ele lhe dirijia vez por outra. Ela o amava e mesmo assim ainda seguia resoluta, acreditando na existência daquele sentimento, tão embotoado, tão cheio de bolor e mofo. Ele tomou seu café, pegou sua chave e foi para o trabalho. Sentada com um copo quente de chá, Helena ficou a olhar pela casa, procurando um vazio que antes não sentia, que antes não tinha significado, a presença do ser amado era somente uma lembrança, uma foto no porta retrato da´lma. Naquele dia fazia 5 anos que ele morrera e levara consigo toda a vida que um dia florescera naquele lar. Ainda lembrava e isso a fazia viver. Era assim que tudo tinha sentido. 
Contos da Vida moderna. Autora: Priscila Jerônimo

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